terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As Piranhas de James Cameron


Muitos filmes costumam ser taxados de ‘trash’ por conter um roteiro absurdo ou uma direção amadora onde nada parece ser levado a sério ou, às vezes, é tão levado a sério que acaba se tornando cômico de tão ridículo que ficou após ser finalizado. Um dos exemplos clássicos de filmes trash é o primeiro filme de James Cameron, Piranhas 2 – Assassinas Voadoras, onde uma instrutora de mergulho, ao investigar a morte de um mergulhador, descobre que o responsável, ou melhor, as responsáveis eram uma espécie desconhecida de piranhas que possuíam asas e saíam por aí voando e se atirando no pescoço das vítimas! Quem diria que o aclamado diretor de Avatar teria começado sua carreira com um clássico do terror trash? A gente pode imaginar de onde ele tirou uma idéia tão absurda dessas?


Piranhas Voadoras (Fonte: cinemacemanosluz)


Bom, na verdade existe uma espécie de peixe que não sai voando pela cidade atrás de comida humana, mas ele é capaz de se lançar da água a grandes alturas e permanecer planando durante algum tempo. Como não poderia deixar de ser, ele é conhecido como peixe voador.


Peixe Voador (Fonte: vidaselvagem.spaceblog)

Essa espécie também conhecida pelos nomes voador-cascudo, voador-de-pedra, voador-de-fundo, cajaléu, pirabebe, entre outros nomes chegam a medir até 45 centímetros, possui um corpo alongado, dorso azul-acinzentado, flanco prateados e ventre claro, nadadeiras pélvicas bem curtas, peitorais bem desenvolvidos e caudal furcada com lobo inferior maior. É um peixe de águas salgadas e é encontrado em diversas regiões no mundo, inclusive no Brasil, onde um parente seu conhecido como peixe-machadinha consegue fazer vôos bem mais curtos.
Ao contrário do que muitos pensam, essa espécie não voa, na verdade, ela plana. O peixe voador é capaz de ganhar impulso para saltar fora d’água a uma distância de até 6 metros de altura e cobrir uma longa distância durante o plano.

Garoto segurando um peixe voador (Fonte: bocaberta)

O ‘vôo’ desse peixe é um recurso muito utilizado para fugir de predadores maiores. Ao se sentir ameaçado ele cruza o mar em grande velocidade, com as barbatanas coladas ao corpo, depois muda a direção para cima e prepara o salto. Quando atinge a superfície o peixe voador dá um último impulso, batendo freneticamente a cauda na água, a levanta e decola para o céu, se inclinando 15º em relação à superfície líquida. Já no ar o peixe abre as barbatanas para poder se sustentar durante a planagem por cima da água. Enquanto plana, essa espécie pode chegar a voar por até 180 metros em um único vôo ou 400 metros em vôos múltiplos. Mas os passeios aéreos costumam ser rápidos e duram de 2 a 15 segundos.


Peixe voador (Fonte: pipocadebits)


Recentemente uma equipe do canal de televisão japonês NHK conseguiu um registro de um peixe voador planando no ar durante 45 segundos, no que já é considerado como o vôo mais longo de uma espécie dessa já gravado. É muito provável que nessa ocasião o peixe tenha chegado ao seu limite físico para executar tal façanha, levando em conta que o bicho não respira fora d’água.


James Cameron e suas piranhas (Fonte: filmofilia)

Sabendo disso, podemos dizer que James Cameron continuará com seu estigma de diretor de filme trash, pois, diferente dos peixes voadores da vida real, suas piranhas não planam, elas de fato voam, para lá e para cá, batendo suas barbatanas como se fossem asas e respirando na superfície por muito tempo. Além disso, elas não pegam impulso para saltar fora da água, elas simplesmente saem voando, para o terror dos personagens que fazem parte de seu universo fictício. Portanto, fiquemos tranqüilos, pois dificilmente toparemos com um bicho desse no nosso próximo passeio pelo litoral.

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