segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma opinião sobre a violência

Antes de ir trabalhar estava eu em casa esparramado no sofá, ao lado do meu pai, vendo um daqueles noticiários policiais, onde não existe uma informação que se aproveite, e observei a seguinte manchete: um grupo de torcedores de um determinado time espancou um outro torcedor de um time rival até a morte. As cenas eram chocantes: o vídeo mostrava um jovem já caído no chão enquanto chegava outro com uma barra de ferro e o atingia várias vezes na cabeça antes de sair correndo. Em seguida outros homens chegavam batendo na vítima com placas, pedaços de pau, bicudos na cabeça, e o jovem caído há muito tempo já não reagia mais, pois já tinha morrido.


Torcida organizada (Fonte: abril)

O que choca mais é a motivação que leva um indivíduo a cometer tal barbárie. Considerando que esses torcedores são meros expectadores de uma partida de um esporte popular em sua cultura, o fanatismo que eles mantém pelo símbolo que o time para o qual eles torcem representa é tamanho, que uma maneira de demonstrar o poder do seu grupo é subjugando um outro grupo, o qual eles consideram seu rival. E isso funciona melhor num contexto de grupo que num contexto individual. Por exemplo: uma pessoa presencia um estranho cair desajeitadamente de uma escada. A primeira reação é imaginar se o sujeito se machucou ou não, ou ainda prestar alguma assistência à pessoa que se desequilibrou da escada. Agora se na mesma situação, no local do observador estiver um outro grupo de observadores que, ao verem o estranho cair, começarem a rir e fazer chacota do sujeito desastrado é possível que o observador da primeira situação seja levado a participar daquela euforia, esquecendo conseqüentemente do fato do sujeito que caiu da escada poder ter se machucado pra valer.


O que pode parecer engraçado para alguns não o é para outros (Fonte: mundomisturado)

O ser humano é um sujeito influenciável por natureza, tanto que, as pessoas que o acompanham durante a sua vida é que vão determinar que tipo de sujeito ele será no futuro. Se o jovem é agredido constantemente pelos pais, é possível que este faça o mesmo com seus filhos ou parceira. Se ele é constantemente humilhado na escola pelos colegas, é possível que se torne um adulto retraído e traumatizado. Assim vivemos numa utopia onde a violência não deixa de existir porque pessoas não deixam de sofrê-la e fazer sofrer. Os valores familiares se diluíram com o avanço da modernidade, com a liberdade que os jovens possuem para fazerem o que bem entenderem, com o acesso irrestrito a todo tipo de informação, desde aquelas associadas à pornografia até os extremos casos de violência, que chegam até nossa família pelos diversos meios de comunicação existente, em especial a mídia sensacionalista, que assim como o seu governo está mais preocupada com o lucro do que a educação de seus jovens.

Fonte: bengochea
Quando colocamos o caso do torcedor que foi espancado até a morte considerando o jovem morto como a vítima, esquecemos que na verdade todos são vítimas dos meios que os formam, pois se invertêssemos o caso e o jovem morto, junto com o seu grupo tivesse a oportunidade de espancar algum torcedor do time rival, quem garante que ele não o faria? Diferente dos cinemas, na vida real não existem bandidos e mocinhos, já que cada um mantém dentro de si um pouquinho de bandido e de mocinho.

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