terça-feira, 21 de junho de 2011

O mistério dos Montes Urais – Parte II – O que dizem os inquéritos policiais

Um inquérito oficial se iniciou logo após o encontro dos primeiros cinco corpos. Um exame médico não encontrou qualquer lesão que poderia ter levado à morte e a conclusão inicial fora que todos tinham sucumbido de hipotermia. Um dos corpos apresentava uma pequena rachadura em seu crânio, mas que foi totalmente descartado como sendo um ferimento de cunho fatal.

(Fonte: camisasemanias)

Entretanto, os exames realizados nos quatro corpos que foram encontrados, posteriormente, em maio, mudaram tudo. Três deles apresentaram ferimentos fatais: o corpo de Thibeaux-Brignolle apresentou danos significativos e maiores no interior do crânio, e ambos, Dubunina e Zolotarev tinham no peito enormes fraturas. Os  médicos estimaram que a força necessária para causar tal dano teria de ser muito alta. Um perito comparou tal força à proporcionada por um acidente de carro.  
Notavelmente, os corpos não apresentavam ferimentos ou qualquer marca ou hematomas externos, como se tais fraturas fossem causadas por um nível elevado de pressão corporal interna.
Anotações forenses sobre o caso (Fonte: camisasemanias)
Uma das mulheres foi encontrada sem sua língua.  Por isso, chegou-se a especular que tribos de aldeões locais, os Mansi, poderiam ter atacado e assassinado o grupo pela invasão de suas terras, mas, a investigação derrubou esta hipótese pela natureza das mortes.
No local do incidente, somente as pegadas dos esquiadores eram visíveis, e não havia nenhum sinal de combates corporal.

Equipe de busca vasculhando o local (Fonte: camisasemanias)

As evidências apontam que a equipe foi obrigada a deixar o campo durante a noite, enquanto dormiam.
Embora a temperatura fosse muito baixa no momento, em torno de -25° a -30°C, inclusive com uma tempestade de neve e vento, os mortos estavam vestidos apenas parcialmente. Alguns deles estavam apenas com um sapato, enquanto outros não tinham nada e usavam somente meias.

Mais um registro da equipe de buscas no local (Fonte: camisasemanias)

Partes do Inquérito investigativo:

-Seis dos integrantes do grupo morreram de hipotermia e três de lesões fatais.

-Não foram encontrados quaisquer vestígios de presença de outras pessoas no local, somente dos esquiadores sinistrados.

-Todas as barracas foram rasgadas de dentro para fora.

Barraca montada no local da investigações forenses (Fonte: camisasemanias)


-As vítimas morreram entre 6 à 8 horas após a sua última refeição.

-Evidências no acampamento mostram claramente que todos os membros do grupo deixaram o campo por sua própria iniciativa, a pé.

-Para dissipar a teoria de um ataque dos Mansi, além da falta de provas da presença de outras pessoas à não ser o grupo sinistrado, um médico atestou que –“Os ferimentos mortais dos três corpos não poderiam ter sido causado por outro ser humano”, porque a força dos golpes foram de força extrema  e não ocasionou danos na parte externa dos tecidos, sem que ele pudesse teorizar racionalmente isto.

-Testes de Radiação Forense mostraram altas doses de contaminação na roupa de algumas das vítimas.

Ravina (foto atual) onde foram encontrados os outros quatro esquiadores (Fonte: camisasemanias)

O veredicto final apresentado foi que os membros do grupo morreram por causa “de uma força desconhecida e propulsora”.  
O inquérito foi fechado oficialmente em maio de 1959, devido à "ausência de um culpado"
Todo material do inquérito foi enviado para um arquivo secreto, e algumas das cópias do processo tornaram-se disponíveis apenas na década de 1990, com várias peças e relatórios faltando.

Consequências

Em 1967, o escritor e jornalista Yuri Yarovoi (Юрий Яровой) publicou o romance intitulado "do mais alto nível de complexidade" ("Высшей категории трудности"), que foi inspirado por este incidente.
Yarovoi fez parte nas buscas do grupo de Dyatlov e do inquérito, inclusive, atuando como fotógrafo oficial da campanha de buscas e na fase inicial do inquérito, e por isso teve uma visão parcial sobre os acontecimentos.  Desde a morte de Yarovoi em 1980,  todos os seus arquivos, incluindo fotos, diários e manuscritos, foram perdidos.
Alguns detalhes da tragédia tornaram-se acessíveis ao público em 1990, devido às publicações e debates na imprensa regional de Sverdlovsk.

Infograma detalhando o incidente Dyatlov (Fonte: camisasemanias)

Um dos primeiros autores foi o jornalista Anatoly Guschin (Анатолий Гущин). Guschin informou que os policiais lhe deram permissão especial para estudar os arquivos originais do inquérito e da utilização desses materiais em suas publicações. Ele observou que um certo número de páginas foram excluídas dos arquivos, assim como um "envelope" misterioso mencionado na lista de materiais do caso.
Guschin resumiu seus estudos no livro "O preço de segredos de Estado é de nove vidas" ("гостайны Цена - девять жизней").  
Alguns pesquisadores criticaram-no devido à sua concentração na teoria especulativa de uma "arma experimental secreta soviética" , mas a publicação suscitou uma discussão pública, estimulada pelo interesse no caso . 
Na verdade, muitos dos que permaneceram em silêncio por mais de 30 anos, resolveram  relatar fatos novos sobre o acidente.
Um deles foi o ex-policial Lev Ivanov (Лев Иванов), que conduziu o inquérito oficial, em 1959. Em 1990 ele publicou um artigo, juntamente com sua veêmente admissão de que a equipe de investigação não tinha nenhuma explicação racional para o ocorrido. Ele também informou que recebeu ordens diretas de altos funcionários regionais para fechar o inquérito e manter seus materiais em segredo.  Ivanov, pessoalmente, acredita em uma explicação paranormal - especificamente, os OVNIs. Foram relatados, por habitantes de cidades no entorno dos Urais, que naqueles dias, eclodiu a notícia de vários  avistamentos de luzes estranhas e diferentes nos céus na região.
Em 2000, uma empresa de televisão regional produziu o documentário "Dyatlov Pass" ("Дятлова Перевал"). 
Uma escritora da cidade de Yekaterinburg, Anna Matveyeva (Матвеева Анна), publicou um romance de ficção/ documentário do mesmo nome.  Uma grande parte do livro inclui citações oficiais do caso, trechos dos diários das vítimas, entrevistas com pesquisadores  e outros documentários recolhidos também pelos cineastas.

Imagem da Passagem Dyatlov nos dias atuais (Fonte: camisasemanias)

Imagem da Passagem Dyatlov nos dias atuais (Fonte: camisasemanias)


Apesar da presença de uma narrativa em parte ficcional, o livro de Matveyeva continua à ser a maior fonte de material e documental disponível ao público. 
A Fundação Dyatlov foi fundada em Yekaterinburg (Екатеринбург), com o apoio do Ural State Technical University.  O objetivo da fundação é convencer autoridades russas à reabrir o inquérito sobre o caso, e para manter o "Museu Dyatlov" com intuito de perpetuar a memória dos esquiadores mortos.
Yuri Yudin, o único sobrevivente da expedição, declarou: -“Se eu tivesse a chance de estar com Deus e pudesse fazer apenas uma pergunta, esta seria: O que realmente aconteceu com os meus amigos naquela noite?”

Memorial aos Esquiadores da Passagem Dyatlov (Fonte: camisasemanias)


Mistério nos Montes Urais – Parte I – Mortes inexplicadas

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