segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Vale da Morte – Rochas que se movem sozinhas

O Vale da Morte, é uma árida depressão localizada ao norte do Deserto de Mojave, nos Estados Unidos, na Califórnia. Estende-se por aproximadamente 225 km, ao longo da fronteira da Califórnia com o estado de Nevada, a aproximadamente 160 km oeste de Las Vegas. O Vale da Morte é famoso por seu clima extremamente quente. Este lugar consiste em um deserto orográfico formado devido a sua localização. Por estar situado a sotavento das montanhasSierra Nevada”, observa-se a existência de uma zona de sombra de chuva sobre esse vale, o que explica os baixos totais pluviométricos do local.
(Fonte: thelivingmoon)

A temperatura mais alta das Américas, e a segunda mais alta já registrada no planeta, foi registrada no Vale da Morte em 10 de julho de 1913. Lá, a temperatura máxima foi de 56,6°C. Além disso, possui o ponto mais baixo dos Estados Unidos (86 metros abaixo do nível do mar).
No Vale da Morte está localizada a maior fonte de boratos (sais oxigenados que contém o boro e o oxigênio na composição química do ânion do sal) do mundo, em uma mina a céu aberto. Também é o local da ocorrência de um curioso fenômeno natural de rochas deslizantes e é disso que vamos tratar
(Fonte: photosfan)

Em uma zona dessa região, mais precisamente num lugar onde se localiza um antigo lago seco, conhecido como Racetrack Playa, existe um fenômeno que intriga cientistas a mais de 5 décadas: as pedras da paisagem parecem se mover por conta própria, deixando para trás longas trilhas no chão de argila dura rachado. Ninguém nunca viu as pedras realmente se movendo, mas elas se movem, pois as rochas locais e as trilhas que elas deixam atrás de si mudam de posição ao longo do tempo.

(Fonte: minilua)


A maioria das pedras errantes tem, aproximadamente, o tamanho de uma garrafa de refrigerante de um litro, mas são muito mais pesadas. Porém, existem também pedras maiores, com peso próximo de 700 quilos, que também se deslocam misteriosamente. Ou seja, não se pode esperar que essas rochas deslizem pelo chão com muita facilidade. A gravidade facilmente explica como dezenas de pedras pesadas poderiam ter caído  de encostas adjacentes para a margem do lago que desapareceu há tempos atrás, mas não pode explicar como elas percorreram  grandes distâncias em uma superfície plana.

(Fonte: minilua)


Em 1955, George M. Stanley propôs pela primeira vez a teoria de que as pedras se moviam com o auxílio de placas de gelo que se formam na superfície após uma leve inundação que ocorria no lago num determinado período do ano (inverno e início de primavera). Houve momentos em que o lago foi inundado com água parada em até 7 cm de profundidade e, nessa época, as temperaturas comumente caíam abaixo de zero na superfície.

(Fonte: minilua)


(Fonte: thelivingmoon)



Entretanto, em 1976, em um estudo feito por Bob Sharp e Dwight Carey, descobriu-se que não existe um padrão na movimentação e eles contestaram a teoria de Stanley. Eles analisaram as faixas e concluíram que, por causa de características do solo e a geometria dos rastros deixados pelas rochas, camadas de gelo não poderiam ter sido envolvidas na formação de marcas feitas pelas pedras deslizantes. Além disse Sharp e Carey determinaram que algumas pedras se moviam metros por ano, outras centímetros; umas em linha reta, outras fazendo curvas. Contudo, o mais intrigante é que duas pedras muito próximas não se moviam juntas, ou seja, se tivesse duas pedras lado a lado, uma poderia se mover 200 metros em 5 anos e a outra simplesmente permanecer no lugar em que estava. Através disso eles concluíram que tais trajetos teriam sido impossíveis de ser concluídos se dependessem de camadas de gelo para as pedras serem movidas.

(Fonte: thelivingmoon)


Em 1995, John B. Reid, Jr. e outros geólogos do Hampshire College discordaram das conclusões de Sharp e Carey. Usando dados de sete visitas feitas no Vale da Morte, do final de 1980 a 1994, eles suportaram a hipótese defendida por Stanley, das camadas de gelo. Eles compararam a semelhança dos rastros deixados pelas fazendo um mapeamento cuidadoso e viram que a maioria das marcas formadas durante os movimentos tinham caminhos congruentes. Alguns tendem a desviar-se perto do final da trilha e eles justificaram este fato explicando que a camada de gelo se quebra em pedaços menores à medida que derretiam e as rochas embutida poderiam desviar suas rotas originais.
Reid conduziram experimentos de coeficiente de atrito e determinou que o atrito da superfície do lago de Playa era tão alto que era impossível a velocidade do vento local deslocar uma rocha pesada. Para isso seria necessário bastante energia para mover sozinha as rochas na superfície da região. Reid também tentou explicar o movimento das rochas dizendo que a forte congruência de rastros espaçados e resistência das rochas eram altas para correr na lama, sendo assim necessárias as camadas de gelo para rochas de Racetrack Playa deslizarem.

(Fonte: foum.xcitefun)


Esta hipótese foi acompanhada de perto por Sharp e Carey, que rebateram essas análises em 1996. Eles reafirmaram pontos sobre os rastros das pedras. Aquelas que eram angulares viajavam em uma linha reta e as rochas arredondadas tinha uma tendência de vagar mais com a ‘quilha’ para manter-se em linha reta. Se as camadas de gelo estavam envolvidas nesse processo não teriam nenhum efeito sobre a superfície. Eles também apontaram as trilhas que se cruzavam e outras geometrias que seriam difíceis de explicar com o movimento de gelo. Sharp e Carey reafirmaram um ponto anterior , que diz respeito aos experimentos feitos, onde esqueceram de levar em consideração o atrito de uma camada de argila fina que se forma na superfície de Playa após o alagamento, mas que é arrancado rapidamente após a secagem e descamação. Esta camada de argila diminui significativamente o atrito na superfície Playa. Eles concluíram que tanto o gelo com o vento quanto o vento sozinho poderiam criar trilhas de pedra na região.
Ainda em 1996, Reid respondeu à discussão de Sharp e Carey com a revisãodas análises feitas no ano anterior e reafirmou o que foi dito pela dupla: "Estamos de acordo com tudo o que foi dito por Sharp e Carey, de que dois mecanismos distintos devem existir para mver as pedras de Racetrack Playa. Será que existem outros?"

(Fonte: forum.xcitefun)


A questão é que uma resposta definitiva ainda não foi estabelecida e as respostas ainda estão no campo das hipóteses. Durante décadas os cientistas têm traçadas as faixas, analisado o solo, e traçado o tempo na tentativa de resolver o mistério. Todas as teorias envolvem ventos extremamente fortes, mas diferem sobre o processo exato da física que permite que as rochas superem a fricção. A resposta seria a lama, a água, o gelo, ou uma combinação deles? As teorias mais malucas envolvem hipóteses de que os alienígenas é que estavam movendo-as, ou campos magnéticos, ou mini-terremotos periódicos, ou ainda os estudantes engraçadinhos da Universidade de Nevada, em Las Vegas. Mas isso não é plausível, porque se alguém estivesse empurrando-as, haveria marca de pegadas. Agora, cientistas afirmam estarem perto de desvendar esse mistério desértico. Recentemente, um grupo de estagiários da NASA encarou a missão de estudar o fenômeno. Além de coletar medidas de GPS e uma infinidade de outros dados, os alunos recuperaram instrumentos que haviam sido enterrados no solo três meses antes, para medir umidade e temperatura, por exemplo.
Os estagiários planejam publicar um livro este ano apresentando seus resultados, que até agora parecem apoiar-se na teoria de Stanley onde, durante os meses de inverno, forma-se gelo em torno das rochas, o que lhes permite deslizar sobre a superfície congelada do deserto.
Os dados recolhidos indicam que o local estava molhado e frio o suficiente durante o inverno para formar gelo. Segundo os pesquisadores, isso prova que algumas das condições exigidas para mover essas pedras foram cumpridas. Para eles, é muito claro que essas rochas são ajudadas pelo gelo de algum modo. Alguns investigadores acreditam ainda que as plantas locais também podem desempenhar um papel importante.


(Fonte: minilua)

Se bem que, convenhamos, mesmo que se formasse uma camada de gelo por onde essas pedras pudessem deslizar, isso não seria o suficiente para que pedras mais pesadas se deslocassem por conta própria. Além disso, se elas deslizassem pelo gelo não ficariam as marcas presentes no chão, que vemos pelas fotos. E se as plantas locais desempenham um papel nesse deslocamento, qual seria, já que praticamente não existe vegetação próxima dos locais por onde as pedras costumam se deslocar? 
Segundo os cientistas, estudar este local não só ajuda a resolver os mistérios do nosso próprio planeta, mas também a compreender melhor as condições de outros mundos. Os pesquisadores pretendem comparar as condições meteorológicas da região com as de perto de Ontario Lacus, um vasto lago de hidrocarboneto líquido na lua Titã, de Saturno.

2 comentários:

Tiago Sabino disse...

Aconselho mostrar esse vídeo no seu post: (http://www.youtube.com/watch?v=dj-MGZWh4dY&feature=related) ele é interessante.

Unknown disse...

Sugestão atendida. Valew!

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